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Desafios do cultivo 3D na saúde

por Daniella Garcia
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Ao longo do tempo, a evolução da ciência permitiu que a área da saúde
conseguisse proporcionar resultados cada vez mais precisos, impulsionando
estudos sobre problemas relevantes da sociedade. Para falar sobre este
avanço, é impossível não o relacionar à evolução da tecnologia, que se
mostra como um pilar crucial para que pesquisadores realizem análises cada
vez mais realistas e assertivas.

Uma das tecnologias atuais que se destaca como uma grande aliada da
medicina é o cultivo de células 3D, responsável pela possibilidade de
criação de ambientes tridimensionais para o crescimento celular.

Para contextualização, a principal diferença entre os métodos de cultivo de
células 2D e 3D está no ambiente em que as células serão cultivadas. No
método convencional, as células são cultivadas em uma superfície plana como
placas, frascos ou tubos de plástico, resultando na formação de uma
monocamada para o crescimento celular. Já o cultivo 3D utiliza normalmente
de diferentes composições de matrizes de hidrogel para recriar de maneira
mais próxima a complexidade de um órgão ou tecido, permitindo que observemos
o comportamento celular de forma mais representativa em um microambiente
fisiológico.

O cultivo celular 2D apresenta grande relevância no desenvolvimento de
diversas terapias e vacinas; porém, para a realização de pesquisas mais
avançadas, especialmente quando nos referimos a doenças complexas como as
neurodegenerativas e metabólicas, as vantagens de recriar de maneira mais
próxima a estrutura e as condições de órgãos e tecidos são evidentes. A
tecnologia de cultivo celular 3D possibilita a criação de modelos de doenças
mais precisos, auxiliando seu estudo e compreensão para o desenvolvimento de
tratamentos de maneira mais eficaz.

É importante mencionar que a utilização deste método inovador tem sido
destaque também no Brasil. Recentemente, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
desenvolveu uma bioimpressora 3D com a proposta de aplicação em diversas
pesquisas nas áreas de saúde humana, animal e até mesmo na indústria de
alimentos. Entretanto, a promessa principal está na oncologia.

Como uma das possíveis aplicações para a bioimpressora 3D, os médicos
coletam amostras de células tumorais do paciente, chamados de PDOs
(Patient-derived organoids), que possibilitam a mimetização do câncer in
vitro e a aplicação prévia de drogas antitumorais com o intuito de prever
como um paciente responderia a estes tratamentos. Como os tratamentos atuais
de câncer disponíveis no mercado são considerados agressivos, com a
possibilidade de personalização do tratamento, espera-se que haja menos
efeitos colaterais, reduzindo os desgastes físicos e emocionais do paciente,
e que se obtenha resultados mais eficazes em menor tempo.

É preciso, porém, considerar que este método inovador é complexo e exige
ferramentas e capacitações específicas. Para que se possa recriar os
ambientes com precisão, vários parâmetros são controlados (temperatura,
níveis de CO₂, pH, nutrientes, fatores de crescimento) e, caso haja
variações, os resultados podem ser comprometidos. Por este motivo, a
utilização desta tecnologia ainda demanda investimentos expressivos e limita
o acesso de grande parte da população aos seus benefícios.

Sendo assim, não há dúvidas de que ainda existem desafios a serem superados
para que o acesso a essa tecnologia seja amplificado, porém a evolução das
técnicas de cultivo celular já representa um marco significativo não apenas
para a área da saúde como também para a sociedade. O objetivo principal é
que cada vez mais pacientes possam se beneficiar plenamente deste e de
outros avanços tecnológicos que impulsionam a imprescindível transformação
da ciência em todo o mundo.

Daniella Garcia, Account Manager da Corning na América Latina.

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