A LifeTime nasceu para conectar pacientes a tratamentos inovadores por meio de estudos clínicos. Com o objetivo de democratizar o acesso à saúde, a startup busca esclarecer dúvidas sobre pesquisas clínicas e aproximar os pacientes de tratamentos de alta qualidade.
Desde sua fundação, em 2020, a health/socialtech já encontrou e encaminhou mais de 230 voluntários para estudos clínicos, sendo que, atualmente, 48 destes estão participando de pesquisas em andamento. A cofundadora e CEO da LifeTime, Juliana Mauri, explica que o propósito da startup é transformar a sociedade por meio da ciência e proporcionar alternativas de terapia, independentemente do diagnóstico.
“A inovação é um dos principais benefícios das pesquisas clínicas e por meio dela acelerarmos o processo de desenvolvimento de novas terapias e medicamentos, tendo um papel essencial na compreensão da eficácia e segurança de novas medicações e tratamentos. Além disso, os estudos científicos expandem nosso entendimento sobre as doenças, permitindo uma melhor compreensão de suas causas, progressão e possíveis complicações”, diz Juliana.
Embora o Brasil esteja presenciando um crescimento no número de pesquisas clínicas nos últimos anos, sendo líder na américa latina, o país segue muito aquém de outras nações quando comparado no cenário global. Atualmente, o País ocupa apenas a 19ª colocação no ranking global de estudos clínicos, ficando atrás de países como Egito, Taiwan e Índia, conforme informações do Guia Interfarma.
Com a aprovação do PL 7082/2027 em 2023 – que regulamenta questões como a insegurança jurídica, o tempo de aprovação das pesquisas e o fornecimento de medicamentos experimentais – o país moderniza os processos de pesquisa científica com seres humanos. Caso assuma um protagonismo em estudos clínicos, o Brasil passa a ocupar a 10ª posição no ranking mundial, beneficiando mais de 55 mil pacientes e trazendo um investimento anual direto de mais de R$ 2 bilhões.
“Com o crescimento da pesquisa no Brasil, a demanda por tecnologia avançada para acompanhar a expansão dos estudos clínicos se torna imprescindível”, detalha Andrade.
O executivo ressalta ainda, ser fundamental a diversidade genética do Brasil, resultado da miscigenação de antepassados indígenas, africanos, europeus e asiáticos, fazendo do país um palco global único. “Esta rica e complexa mistura presente no DNA brasileiro torna o Brasil um local privilegiado para a condução de pesquisas genéticas e clínicas”, afirma.
A solução proposta pela LifeTime é aproximar e identificar pacientes elegíveis dentro do critério de cada estudo para o recrutamento. “Buscamos impactar 75% da população que não possui acesso aos planos de saúde e gerar acesso, equidade e impacto social para pacientes, médicos, centros de pesquisa, hospitais e clínicas”, detalha o cofundador e Diretor Comercial da LifeTime, André Andrade.
“A LifeTime surge como uma solução para um dos maiores desafios presente nas pesquisas clínicas. Estou convencida de que, ao estabelecer uma conexão sinérgica entre o voluntário e a equipe de pesquisa, podemos acelerar o desenvolvimento de novas medicações e terapias que potencializam a qualidade de vida dos voluntários”, ressalta Juliana.
Os executivos reconhecem que o recrutamento de pacientes é um desafio que leva a atrasos significativos nos estudos clínicos. As opções de tratamento baseadas em pesquisa são difíceis de localizar nos meios de comunicação atuais. Além disso, o acesso a tratamentos é limitado e não padronizado, resultando em longos períodos de espera.
Nesse contexto, a health/socialtech também tem como objetivo estabelecer um extenso banco de informações sobre pesquisas clínicas que estão recrutando para fomentar a colaboração entre o voluntário e a equipe. “Os estudos clínicos estão na linha de frente da medicina personalizada, possibilitando a criação de tratamentos mais efetivos, adaptados às características individuais de cada paciente”, afirma Juliana.
Boas Práticas
Com o conceito de cuidado centrado no paciente, a LifeTime personaliza o atendimento profissional para atender às necessidades e demandas específicas de cada pessoa. Esta abordagem permite que o indivíduo e seus familiares desempenhem um papel ativo nas decisões relacionadas à sua saúde. Além disso, a health/socialtech, também faz uso de tecnologia para abordar questões sociais e melhorar o bem-estar humano, em vez de se concentrar apenas em avanços tecnológicos.
Pesquisas Oncológicas
Relatórios indicam que 20% dos ensaios de câncer falharam devido ao recrutamento inadequado, e dois terços dos locais de ensaios não atendem aos requisitos de inscrição, destacando a necessidade de melhores estratégias de recrutamento.
A pesquisa clínica oncológica é fundamental para entender a dinâmica do tumor e para o avanço de novas terapias. Contudo, a participação em estudos clínicos sobre o câncer é limitada em muitos países, incluindo o Brasil. “Mesmo com o registro de 625 mil novos casos de câncer no Brasil em 2022, somente 2,2% dos ensaios clínicos de câncer em curso estão disponíveis no país, conforme mostra o estudo desenvolvido pelo Instituto Projeto Cura”, reforça Juliana.
Nesse contexto, aponta o estudo, dos 109 médicos que responderam o questionário, foi constatado que, apesar de 76,1% trabalharem em centros de pesquisa e 89,9% considerarem relevante a participação dos pacientes em ensaios clínicos, apenas 31,2% convidaram mais de 1% de seus pacientes para participar de estudos clínicos.
As principais barreiras identificadas pelos profissionais foram a escassez de ensaios disponíveis (48,2%) e a falta de recursos humanos qualificados (22,9%), além do longo processo de aprovação regulatória (42,2%) e a falta de conhecimento dos pacientes sobre pesquisa clínica (24,1%). “A oncologia é vista como a área com maior potencial de crescimento para o desenvolvimento de novas opções terapêuticas”, aponta Juliana.
Conexão
A health/socialtech estabeleceu uma parceria com a Secretaria de Saúde de Embu-Guaçu com o propósito de identificar pacientes elegíveis para pesquisas clínicas com base nas informações disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). De acordo com Andrade, inicialmente, a startup trabalhará com uma população de 70 mil habitantes, mas com planos de expansão nacional. “Temos várias iniciativas em andamento para ampliar o acesso aos nossos serviços, tanto por meio de pacientes que nos procuram quanto pela busca ativa em bancos de dados”, pontua.
Outra frente de intercessão da health/socialtech é o diálogo com universidades. “Reconhecemos a importância de uma atuação direta com a pesquisa clínica durante a formação acadêmica. Elas são fundamentais para o desenvolvimento de novos medicamentos e precisam de investimentos e auxílio para aprimorar o recrutamento de voluntários aptos a participarem do estudo”, reforça Andrade.
Atualmente, a LifeTime conta parcerias estabelecidas com centros de pesquisa de peso como o IBCC Oncologia, AC Camargo, Instituto do Câncer Brasil, BR Trials, CEMAPE, Instituto de Oncologia do Paraná, Ruschel Medicina e Instituto Méderi, já atuando em praticamente todo o Sudeste e Sul do Brasil, com foco agora na expansão para todo o Norte e Nordeste. “Acreditamos que o envolvimento na pesquisa clínica pode trazer benefícios estratégicos para o negócio.
“Recentemente, fechamos uma parceria com a Medipreço, uma plataforma de saúde focada em planos de medicamentos, especializada em benefícios corporativos B2B baseados em subsídios. Por meio de seu aplicativo, que conta com mais de 400 mil usuários e atende a 80 empresas, os usuários podem comprar em farmácias de todo o país e financiar tratamentos. Além disso, têm acesso a outros benefícios, como o plano de saúde Pet da Petlove, com 20% de desconto. Em nossa plataforma, disponibilizamos todos os estudos clínicos como ‘Tratamentos Gratuitos’, e já no primeiro mês, recebemos voluntários interessados em participar. Com o auxílio da tecnologia, estamos tornando o processo de recrutamento de voluntários mais eficiente e automatizado, ao mesmo tempo em que geramos o conhecimento necessário para despertar a curiosidade e conscientizar a população sobre essa oportunidade “, conclui Andrade.