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NR-1 e Inteligência Artificial: o papel da tecnologia no cuidado com a saúde mental corporativa

por Rafael Sanchez
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Recentemente, a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) passou a exigir das empresas o mapeamento e mitigação de riscos psicossociais, mostrando uma realidade que é incômoda e inadiável: o cuidado da saúde mental dos trabalhadores deve ser prioridade, não sendo mais um tema opcional ou secundário. 

Por décadas o tema foi deixado de lado, sendo tratado como subjetivo demais, em muitas situações, recebendo a devida atenção apenas quando casos de afastamentos ou crises silenciosas já tinham acontecido.  Para se ter uma ideia do impacto da saúde mental, no ano de 2022, a OMS (Organização Mundial da Saúde) passou a integrar a Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional.

Além disso, somente no ano de 2024 houve 472 mil licenças médicas por pressão e controle excessivo no ambiente de trabalho, sendo um aumento de 68% em relação ao ano de 2023, segundo dados divulgados pelo Ministério da Previdência Social. Ao todo, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), desde o período após a pandemia de Covid-19, recebeu 3,5 milhões de pedidos de licença médica, e mais de 10% deles foram por transtornos mentais, o que só reforça ainda mais a importância das empresas investirem no bem-estar dos colaboradores. 

Hoje, com os avanços tecnológicos, temos a Inteligência Artificial que pode ser um caminho para as empresas também na saúde mental, indo além de uma ferramenta operacional, passando a ocupar um papel estratégico, sendo um instrumento de escuta, acolhimento e orientação emocional. Diferentemente do senso comum, a IA não se resume apenas a automatizar processos ou a extrair dados. O seu impacto pode estar no campo mais humano possível: a escuta.  

As soluções em IA começam a criar, de forma concreta, espaços de acolhimento contínuo, acessível e sem julgamentos. Em um ambiente corporativo, onde o silêncio muitas vezes é confundido com estabilidade, oferecer um canal de escuta constante e privado é uma revolução nas práticas de ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança).  Muitas crises emocionais podem ser evitadas em forma de desabafo antes que se tornem doenças que ocasionam afastamentos e altos índices de turnover. 

Vale ressaltar aqui que não se trata de substituir psicólogos ou lideranças atentas, mas sim, de usar a IA como uma ferramenta aliada para a prevenção de problemas, sendo uma forma de complemento à cultura de cuidado que tantas empresas dizem cultivar, mas que na realidade poucas realmente estruturam. Além do mais, o cuidado emocional deixou apenas de ser uma responsabilidade ética e legal, sendo uma vantagem competitiva. 

As organizações que conseguem se antecipar identificando padrões  que podem se converter em absenteísmo, conflitos ou queda de produtividade estarão não apenas cumprindo uma norma, mas investindo em seu maior capital: o humano, o ativo mais valioso e insubstituível em qualquer organização. Nesse contexto, a IA deixa apenas de ser algo distante para o futuro, ganhando importância no presente, pois revela o que está oculto, organiza o que está difuso e transforma as emoções em indicadores mensuráveis. 

Porém, para que esse movimento se sustente como ESG, é preciso mais do que tecnologia: é necessário um compromisso. A confiança não se constrói apenas com dados ou algoritmos, mas com a coerência entre o que se fala e as atitudes. O preparo tem que vir das lideranças, que devem aprender a lidar com o que será revelado, porque se não houver isso, é o mesmo que ignorar o problema. Aqui, portanto, o desafio é cultural. Fica o questionamento: as tecnologias estão prontas, mas e as empresas, estão preparadas?. 

Por isso é fundamental que haja campanhas de conscientização, porque na nova dinâmica do novo mundo do trabalho, o cuidado com a saúde mental não é apenas um diferencial, mas sim a base para qualquer projeto sustentável. Felizmente hoje as organizações podem contar com a IA como uma aliada estratégica que pode construir essa base de maneira escalável, empática e inteligente. As oportunidades estão aí, e a escolha em aproveitá-las ou não, vai da mentalidade das empresas, que podem pagar o preço ou colher bons frutos por investir no capital humano. E você, está preparado para ser a mudança? 

Rafael Sanchez, CEO e fundador da Evolução Digital.

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