quinta-feira, novembro 21, 2024
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Tratamento odontológico é essencial para pacientes oncológicos

por Redação
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Que os pacientes oncológicos necessitam de cuidados específicos não é novidade para quem passa pelo tratamento, seus familiares e cuidadores. No entanto, nem todos sabem que o cuidado odontológico antes, durante e após o tratamento é primordial para prevenir alterações e efeitos colaterais na região oral em decorrência da terapia adotada.

Segundo dados de uma pesquisa realizada recentemente com 100 pacientes oncológicos da região do Vale do Paraíba, publicada no portal Archives of Health Investigation, sobre o tema “Conhecimento de Paciente em Tratamento Oncológico sobre Saúde Bucal”, menos da metade, ou seja, 45% dos pacientes foram ao dentista nos últimos 12 meses; 42% usavam como artifícios para a higienização somente escova e pasta; e 51% acreditavam que a quimioterapia não teria efeito algum na cavidade bucal. Outra publicação, Ciência e Saúde, indica que 70% dos pacientes oncológicos são submetidos a sessões de quimioterapia e/ou radioterapia e que 40% sofrem manifestações orais.

Diante deste cenário, em uma equipe multidisciplinar que acompanha o paciente, deve-se incluir o dentista, uma vez que o tratamento gera uma baixa na imunidade do paciente que pode desencadear alterações na cavidade bucal. A médica estomatologista e bucomaxilo do Vera Cruz Hospital, Bruna Sabino, cita alguns dos problemas decorrentes: xerostomia (boca seca), feridas na boca, como a mucosite, lesões fúngicas, como a candidíase oral, lesões herpéticas, alteração do paladar, dificuldade de deglutição, integridade dos dentes e mucosa oral, entre outras.

Para evitar esses problemas, ela recomenda que todos os pacientes oncológicos façam acompanhamento com um cirurgião-dentista. A indicação pode partir, inclusive, do oncologista. “Em casos de pacientes com câncer de boca, o cuidado deve ser ainda maior. Como envolve cirurgia na região oral e os tratamentos de quimioterapia e radioterapia são bem agressivos para a boca, há a necessidade de uma avaliação antes do início do tratamento e de acompanhamento devido ao risco de osteonecrose dos maxilares pela radiação”, explica. Algumas medicações usadas no plano terapêutico, como antiangiogênicos e antirreabsortivos, também podem desencadear tais problemas. E a médica alerta que essas medicações também são usadas por pessoas com osteoporose, sendo necessário acompanhamento odontológico.

Para cuidar da boca dos pacientes diagnosticados com câncer, o especialista mais indicado é o cirurgião-dentista oncológico. E a médica explica a razão de ter esse profissional por perto: “O cirurgião-dentista oncológico não avalia apenas a boca do paciente, mas também a medicação que ele usa, os exames que realiza e os tratamentos que faz. No caso da oncologia, é preciso desenvolver uma relação multidisciplinar, enxergar o paciente como um todo. O profissional de odontologia deve atuar na equipe oncológica com o objetivo de prevenir complicações bucais e controlar os efeitos colaterais da radioterapia e quimioterapia. O cirurgião-dentista atua antes, durante e após o tratamento do câncer, atua também no diagnóstico de lesões cancerígenas na boca, atua em conjunto com os médicos em geral e atua em centro cirúrgico junto com o médico de cabeça e pescoço e toda a equipe de bucomaxilo”, fala ela sobre a complexidade do acompanhamento.

Outro fator importante é que a área de odontologia focada na oncologia tem um olhar diferenciado para a tecnologia e a busca de alternativas que atuam sobre um problema, desde que não impliquem em maiores consequências para o paciente, que já está debilitado. E, neste quesito, a médica aborda um dos mais recentes avanços: “A laserterapia de baixa potência, por promover efeitos biológicos benéficos por meio do fenômeno de bioestimulação, de caráter analgésico, anti-inflamatório, cicatrizante e para reparo de tecidos lesionados, é muito bem aceita pelos pacientes, uma vez que tem alta efetividade. É uma técnica não invasiva e atraumática”, destaca.

Embora haja muitas evoluções na oncologia, em termos de tratamento oncológico, a médica explica que o cuidado bucal em casa também precisa ser intensificado. “Algumas avaliações, tais como um raio X panorâmico, permitirão um plano adequado para a higiene bucal, uma vez que nem todos os casos oncológicos incluem, por exemplo, o uso de fio dental durante o tratamento. Também há uma avaliação no caso de uso de próteses orais. Por via de regra, devem ser mantidos o uso de escova macia e enxaguante bucal apropriado e indicado pelo dentista, bem como o uso de pasta dental específica, capazes de garantir uma boa higiene oral”, finaliza.

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