Cannabis medicinal tem mostrado eficácia no tratamento da doença de Parkinson

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico que causa sintomas característicos, como movimentos não intencionais ou incontroláveis, tremores, dificuldade de equilíbrio, além de alterações mentais e comportamentais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que no Brasil 200 mil pessoas sofram com o problema e aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tenha a doença.

Apesar de ser incurável, as pesquisas acerca do tratamento do Parkinson têm evoluído bastante nos últimos anos, no sentido de buscar formas de proporcionar maior qualidade de vida aos portadores. Nesse cenário, a cannabis medicinal tem protagonizado ótimos resultados e trazido alívio a pacientes e familiares.

Crônico e progressivo, o Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, um neurotransmissor que ajuda na comunicação de mensagens entre as células nervosas. “A dopamina é um neurotransmissor muito importante para o controle das funções motoras, mentais, regulação do humor, sono, entre outros”, explica a médica Karin Mitiyo Corrêa, neurologista da Clínica Gravital e mestre em neurociências.

Segundo ela, essa substância auxilia na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou seja, sem a necessidade de pensar em cada movimento que os músculos realizam. Quando há a falta dela, o controle motor do indivíduo é perdido, o que ocasiona os sintomas característicos do Parkinson, que também incluem rigidez dos membros e dores.

Uso da cannabis traz alívio a pacientes

A questão da melhora nas dores foi o primeiro benefício sentido por Sonô Taira Oliveira, 86, no início do tratamento com cannabis. Sua filha, Liliane Taira Oliveira, afirma que em poucos dias depois de começar ela já estava melhor. “Ela estava tendo crises de espasmos com dores muito fortes. Não tinha mais remédio que resolvesse e só a cannabis ajudou. Já não conseguia dormir e era muito difícil ver uma velhinha de 86 anos com tanta dor”, conta ela. Sonô é moradora do Rio de Janeiro e há dez meses faz tratamento com cannabis com o médico da Gravital Diego Silvério através de teleconsulta, modalidade oferecida pela clínica, através da qual é possível atender pacientes de todo o Brasil.

A cannabis também atua positivamente em outros sintomas da doença. “Costumo prescrever medicamentos à base de cannabis para pacientes com doenças degenerativas, como o Parkinson, devido aos efeitos positivos nos sintomas como dores, depressão e insônia, que são bem comuns em quem tem a doença”, ressalta Karin. Essas melhoras são comemoradas por Liliane, ao afirmar que sua mãe voltou a dormir melhor, ter qualidade de vida e parou de tomar remédios para dor. “Ela fala que voltou a dormir bem, os tremores diminuíram, além das dores nas juntas, que em geral melhoraram”, diz.

Ainda de acordo com a médica, a terapia com cannabis possui também a vantagem de não ocasionar efeitos colaterais aos pacientes. “O canabidiol possui efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e neuroprotetores, além de não apresentar efeitos colaterais, podendo ser utilizado em tratamentos a longo prazo, diferente de outros fármacos usados para pacientes com Parkinson”, salienta a neurologista. O tratamento é fortemente recomendado por Liliane, ao afirmar que foi o único, inclusive, que resolveu a dor crônica que sua mãe tinha em decorrência da doença. “Quiséramos ter começado antes, pois quem sabe teria evitado tanto sofrimento e talvez a evolução da doença teria sido mais suave”, finaliza.

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