quinta-feira, novembro 21, 2024
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Inovação aberta traz benefícios a todo o ecossistema da saúde

por Alice Laranjeira
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O mercado brasileiro de saúde tem registrado um crescimento acelerado nos últimos anos, e a urgência em desenvolver soluções rápidas e eficientes para resolver os diversos problemas inerentes à pandemia de Covid-19 foi um dos principais motivadores do boom observado no setor. Além disso, a conscientização criada a partir dos impactos provocados no sistema de saúde e em toda a jornada do paciente também contribui notoriamente para essa ascensão.

Atualmente, notamos uma população mais atenta ao bem-estar físico e mental e interessada em ampliar e qualificar sua rotina de cuidado. Como consequência, o olhar para a saúde passou a se desvincular de um modelo reativo, que trata a doença, para um modelo preventivo e preditivo, com foco na higidez do indivíduo.

Dessa forma, foi possível notar um amadurecimento do mercado em relação ao consumo de soluções inovadoras nesse segmento, à medida que grandes players do setor, como planos de saúde, indústria farmacêutica, hospitais e laboratórios, têm enxergado uma boa oportunidade para assumir uma atuação mais transversal na jornada do paciente.

Por esse motivo, é perceptível o movimento de aproximação destas grandes empresas ao ecossistema de startups, a fim de identificar novos serviços e produtos que possam ser oferecidos para seus clientes. E a inovação aberta entra como principal agente catalisador desse processo, possibilitando a geração de oportunidades de negócios entre grandes empresas e startups, seja por meio de investimentos, parcerias ou aquisições.

De acordo com estudo desenvolvido pela Liga Ventures junto à PwC Brasil, o número de healthtechs no país aumentou 16,11% entre 2019 e 2022, chegando a um total de 596 startups mapeadas. Impulsionadas por grandes investimentos, essas startups movimentaram cerca de R$ 1,79 bilhão neste período, distribuídos em 36 operações de fusões e aquisições.

É importante destacar que as healthtechs têm crescido no ecossistema por sua capacidade de oferecer soluções inovadoras com agilidade e eficiência frente às demandas emergentes do setor — algo que pudemos observar ao longo da pandemia —, e, assim, aproveitar as oportunidades deste mercado em ascensão. Essas startups carregam um protagonismo no desenvolvimento da inovação na saúde, garantindo o surgimento de tecnologias que trazem benefícios para todos os players do ecossistema, reduzindo tempo e custos, aumentando a comodidade de profissionais e pacientes e oferecendo tratamentos e diagnósticos cada vez mais eficazes.

Com relação às tendências para esse mercado, a transformação digital e a convergência de modelos assistenciais têm chamado atenção e se consolidado cada vez mais. Tecnologias como inteligência artificial (IA) e machine learning capazes de aumentar a precisão, velocidade e eficiência da assistência à saúde estão sendo amplamente utilizadas, assim como aplicativos que suportam e monitoram os tratamentos, oferecendo abordagens mais individualizadas para cada paciente. Outras inovações emergentes como a realidade virtual, os dispositivos wearables e biossensores mostram ainda mais possibilidades de aplicação em terapias e na melhoria da qualidade de vida do paciente.

As soluções digitais focadas em proporcionar uma jornada mais integrada para os pacientes também têm ganhado relevância no mercado, por meio de ferramentas como a telemedicina, prontuário eletrônico, prescrição digital e plataformas para agendamento de consultas e exames.

Para as healthtechs, essa é uma oportunidade de trazer soluções inovadoras para melhorar a experiência dos pacientes e usuários em suas jornadas de cuidado e gerar um maior engajamento por parte dessas pessoas.  Paralelamente a isso, as biotechs, startups focadas no desenvolvimento de tecnologias baseadas em hard sciences, também têm mostrado um avanço expressivo em diversas áreas, trazendo novas terapias celulares, plataformas de tratamento, métodos diagnósticos, entre outras inovações.

Porém, com o crescimento observado no setor, o desafio para as startups passa a ser se consolidar no mercado e atingir todo o seu potencial de maneira sólida, garantindo uma posição de destaque em um ecossistema cada vez mais competitivo. O setor de saúde ainda representa um mercado em amadurecimento, com grande potencial a ser explorado, e é provável que os investimentos continuem aumentando.

Mesmo assim, como ocorre em qualquer outro segmento, existem algumas dificuldades a serem superadas. Neste caso, elas estão relacionadas principalmente      às questões burocráticas, como a regulamentação e a adequação às leis de proteção e segurança de dados. E os desafios são ainda maiores quando falamos das soluções biotecnológicas: temos atualmente custos elevados para infraestrutura e desenvolvimento, barreiras regulatórias de maior complexidade e dificuldade para atrair investimentos.

Contudo, em alguns países  podemos observar a saúde digital, por exemplo, conquistando cada vez mais espaço, credibilidade e validação. E, devido ao crescimento no número de healthtechs no Brasil, os órgãos reguladores também já começaram a se adaptar a essa nova realidade, a fim de atender a necessidade de acelerar o processo de implementação de novas tecnologias no mercado.

A América Latina apresenta um amplo leque de oportunidades para abrigar um crescimento ainda mais expressivo no mercado de saúde no cenário mundial. Vale ressaltar que, nos últimos anos, foi registrado um rápido avanço não só na criação de startups do setor de saúde no território, mas também no investimento nestas empresas.

Dentre os países latino-americanos, Brasil, México e Chile são os que mais investem na criação de healthtechs. De acordo com o estudo “Latin America: Future of Healthtech” da plataforma Latitud, o ano de 2021 foi especialmente dinâmico para o setor, com recordes de investimento, tendo o Brasil na liderança em captação com US$ 370 milhões, seguido do Chile, com US$ 209 milhões.

Esse cenário mostra que os próximos anos serão marcados não só pelo surgimento de novas tecnologias, mas também pela consolidação das inovações que estão sendo implementadas atualmente no segmento. Outro ponto é que, com startups mais maduras e soluções consolidadas, é possível que haja um crescimento no número de aquisições e fusões entre players do setor, o que coloca esse mercado como um dos mais promissores.

*Alice Laranjeira é gestora de prospecção e seleção de startups da Liga Ventures, maior rede de inovação da América Latina.

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