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Telemedicina continua a avançar no Brasil após a pandemia, apontam especialistas

por Erivelto Tadeu
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O mercado de telemedicina nos Estados Unidos movimentou US$ 100 bilhões no ano passado e a estimativa é que até 2032 deve superar a casa dos US$ 800 milhões. Para dar uma dimensão desse crescimento, pesquisas mostram que antes da pandemia, eram feitos naquele país 800 mil atendimentos remotos por ano, número que passou para 52 milhões de atendimentos. No Brasil não foi diferente. Levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que em 2020 e 2021 foram registrados no país 7,5 milhões de teleconsultas e teleatendimentos.

Os dados, na avaliação de Thiago Liguori, diretor da Pipo Saúde, provam que as pessoas estão dispostas a fazer a sua jornada de cuidados com a saúde ou ao menos parte dela por meio do atendimento remoto. O executivo cita outra pesquisa feita nos EUA pela Cisco a qual mostra que 75% dos pacientes americanos estão dispostos a fazer uma teleconsulta.

Com a epidemia de Covid-19, que obrigou o isolamento social na tentativa de evitar uma maior propagação do vírus, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a prática da telemedicina em caráter excepcional — que depois ganhou uma lei aprovada pelo Congresso — para manter o atendimento à saúde. “A pandemia acabou quebrando um grande paradigma que se tinha, tanto no Brasil como em outros países, de que a teleconsulta não teria a mesma qualidade, o paciente não teria o mesmo engajamento, o mesmo nível de certificação e qualidade, que tem no atendimento presencial”, pontou Liguori.

O diretor da Pipo Saúde foi dos palestrantes no Fórum Saúde Digital, que reuniu dois outros especialistas no assunto: Caio Soares, presidente da Saúde Digital Brasil e diretor médico na Teladoc Health; e Luís Tibana, superintendente médico da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (Fidi).

Liguori observou que a telessaúde e a telemedicina já vinham crescendo antes da pandemia, em 2018 e 2019. Ele disse acreditar que a lei não seria aprovada se não fosse o cenário da pandemia. “A pandemia foi um catalisador que fez com que as pessoas perceberem que realmente era necessário a liberação do atendimento online ao paciente. Depois da liberação, houve um crescimento muito expressivo.”

Segundo ele, o cenário hoje é um pouco diferente. “Em 2002 houve um movimento de queda forte, até porque o volume durante pandemia era muito grande. Este ano manteve mais ou menos o patamar de 2022 e estamos chegando a um equilíbrio entre atendimento presencial e online.” A avaliação de Liguori é que dentro de uma jornada de cuidado, de um paciente que tem, por exemplo, hipertensão ou diabetes,  haverá momentos em que os atendimentos serão síncronos, online ou presencial, e outros em que serão assíncronos, com interações por texto ou vídeo. Aliás, o atendimento de telemedicina por texto já estava previsto na legislação que foi assinada no fim de 2022. E bom que todos saibam que telemedicina também é interação por texto não é só por videochamada. Esse é um ponto importante”, finalizou.

Caio Soares, diretor médico na Teladoc Health, observou que nos EUA, onde fica a matriz da companhia, 50% dos atendimentos de telessaúde e a telemedicina não são por vídeo e sim por telefone. “Na Teladoc, aqui no Brasil, o número era muito diferente antes da pandemia, mas hoje o percentual já é mais ou menos igual ao dos EUA. “Nós obviamente fazemos o atendimento por o vídeo, mas sempre informamos o paciente que é bom ter também a opção do telefone [temos o 0800 acoplado], porque senão metade das consultas não vão acontecer, pois sincronizar dois aparelhos de vídeos ao mesmo tempo depende de tantos fatores que não estão na nossa mão e é muito provável que a transmissão fique instável ou caia. Além disso, não é todo mundo e todo lugar que tem capacidade de transmissão de dados em streaming direcional síncrono”, detalhou ele.

Ao comentar sobre a demanda por telessaúde e a telemedicina, Soares descreveu um cenário parecido com o descrito por Liguori. Antes da pandemia, até 10 de março, um dia antes de a OMS caracterizar a Covid-19 como uma pandemia, ele contou que a empresa comemorou quando atingiu 50 consultas por dia. “Na época esse era, de fato, um grande número, resultado de um enorme esforço de fazer 50 pessoas acreditarem nessa tecnologia. Em 16 de março, na primeira alta dos casos de Covid-19, que levou ao fechamento de escolas, comércio, etc., atingimos 350 consultas. Bem depois, quando teve o crescimento da variante Ômicron, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, fizemos 12 mil consultas por dia. É número absolutamente devastador para qualquer operação, mas o impacto foi muito menor porque já tínhamos uma infraestrutura preparada e prevíamos que podia acontecer”, explicou Soares.

Hoje, segundo ele, a Teladoc faz entre 1.500 e 1700 consultas por telemedicina por dia. “Isso significa que quando a pessoa usa 20% ela vira usuária recorrente. Para um serviço que depende de adoção, isso é muito bom. Ou seja, simplesmente pelo fato de expor a pessoa ao serviço gera a recorrência e a finalização do atendimento”, finalizou Soares.

Diagnóstico rápido ajuda a salvar vidas

No caso do telerradiologia, uma especialidade da telemedicina que consiste principalmente na elaboração remota de laudos de exames de imagem por radiologistas especialistas, Luís Tibana, superintendente médico da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (Fidi),  disse que as empresas já estavam mais preparadas, embora tenha ganhado força mesmo na pandemia. De acordo com ele, a telerradiologia começou a ganhar terreno no Brasil em 2010. “Nossa fundação já atuava basicamente por telerradiologia. Na época chegamos até a fazer uma enquete entre os funcionários para saber se preferiam trabalhar de casa ou de forma presencial, e 100% escolheu esta última opção. Hoje, claro, esse cenário mudou. O que quero mostrar com esse exemplo? É que as pessoas têm medo do novo. Via de regra, é assim com 90% de nós. Não somos earlier adopters, esperamos o outro ir primeiro para ver se ele teve uma experiência bacana, etc. Com a telemedicina é a mesma coisa. Verificamos com um vizinho que fez uma teleconsulta e teve uma experiência bacana, por exemplo, para depois aderir”, observou.

Outro aspecto positivo da telerradiologia, apontado por Tibana, é a rapidez do diagnóstico e do atendimento ao paciente em qualquer localidade. “O Brasil tem 500 mil médicos, mas com uma concentração demográfica nos grandes centros urbanos, o que faz com que muitos pacientes deixem de ser atendidos. Com a telerradiologia, independentemente de o paciente ter feito o exame em Sorriso, no Mato Grosso, ou em qualquer rincão do Brasil, ele pode ter o diagnóstico em poucos minutos. Se a tomografia constatou que ele tem uma hemorragia, por exemplo, e o hospital não consegue localizar o médico prescritor outro médico especialista pode dar o diagnóstico para que o paciente tenha um desfecho favorável. Ou seja, o fato de ser possível ter um laudo 10 minutos depois de realizar a tomografia pode salvar o paciente.”

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