A folha de pagamento é o maior custo dentro de um hospital e isso não é nenhuma novidade. E hoje em dia, estamos diante de um cenário onde muitas instituições não estavam preparadas para absorver o aumento dessa demanda. Investir em pessoas capacitadas é parte essencial do sucesso da assistência, mas, do ponto de vista da gestão hospitalar, pode onerar ainda mais as contas que já estão desequilibradas nos últimos anos. Portanto, o melhor a fazer é pensar em alternativas para economizar recursos em outras pontas, como o uso de supply chain na saúde.
A área de compras, responsável por prover insumos hospitalares como medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais (OPME) e equipamentos de segurança, é o segundo maior custo de um hospital. Trata-se de um ponto-chave para a prática de uma economia real nos custos hospitalares, especialmente porque os grandes players do setor estão comprando hospitais e aumentando assim o poder de barganha na hora de negociar com fornecedores. Aqueles que não investirem em soluções tecnológicas para competir podem até precisar fechar as portas em breve.
A seguir, são descritas três práticas de supply chain na saúde para uma boa gestão hospitalar:
1. Realizar cotações e compras em conjunto
Associações como a Abramge (Associação Brasileira dos Planos de Saúde) e o Sindicato das Empresas de Saúde do Mato Grosso já iniciaram essa prática, na qual todos os associados e representados, em conjunto, usam uma mesma plataforma de gestão de compras e seu módulo de cotação conjunta para aumentar o poder de barganha em conseguir melhores preços na hora de comprar. Tudo de forma coletiva e colaborativa e com uma redução real de preço.
2. Trabalhar com contratos para itens de curva A
Existem medicamentos que são comprados todos os meses pelo hospital, sem que haja uma importante variação de preço. Nesses casos, em vez de a área de compras cotar mensalmente, é possível estabelecer um contrato direto com o fornecedor e/ou distribuidor. Hoje, os sistemas de gestão possuem módulos de contrato que permitem rever contratos de serviços.
3. Elaborar o planejamento de forma eficiente
Já existem soluções que fazem o planejamento da compra de forma inteligente, bem diferente dos sistemas de gestão hospitalar tradicionais, que olham a média móvel dos últimos três meses de entrada e saída de insumos para determinar o que é preciso comprar. Nessa nova ótica, são usadas estatísticas de inteligência artificial que observam três anos atrás para observar sazonalidades e conseguir projetar o ano inteiro de compras inteligentes. Por novo planejamento, dá até para programar compras quando os profissionais do departamento estão de férias e evitar as compras por urgência, que costumam ser mais caras.
Economizar não é só preciso — é urgente. Espero que as dicas ajudem.
*Michael Almeida é gerente comercial da Apoio Cotações.