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Tecnologia de análise de dados confirma predominância do diabetes no Brasil

por Redação
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Lançado em 2006, o projeto ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto) tem como objetivo investigar o desenvolvimento e os fatores de risco para quatro das principais doenças crônicas não-transmissíveis e presentes na vida da população entre 35 e 74 anos de idade – em particular as enfermidades cardiovasculares e o diabetes. Outra meta do projeto é contribuir para a qualificação dos especialistas em epidemiologia de doenças crônicas e melhora da pesquisa científica nessa área do conhecimento.

Para aprimorar esse trabalho, os pesquisadores do ELSA-Brasil decidiram fazer uso da tecnologia do SAS,  resultando em estudos cada vez mais relevantes para o entendimento do perfil das principais doenças que afetam o país.

No caso do diabetes, resultados recentes mostraram que, entre 15% e 20% dos cerca de 15 mil participantes do projeto já desenvolveram a doença. “Somado ao grupo dos que estão na fase da pré-diabetes – quando os níveis de glicemia aumentam o risco de desenvolver diabetes no curto prazo –, isso equivale a dois terços”, diz o vice-coordenador do Centro de Investigação do ELSA-Brasil no Rio Grande do Sul e coordenador do Centro de Dados do projeto, Bruce Duncan. Outro dado significativo é que, mesmo se uma pessoa hoje, aos 45 anos, não apresenta nenhuma anormalidade glicêmica, aos 65 estará sob risco de desenvolver diabetes ou pré-diabetes.

Em relação às doenças cardiovasculares, como infarto, AVC, insuficiência cardíaca e hipertensão, o estudo demonstra altas prevalências de fatores de risco, passíveis de modificação. “Se os brasileiros adotassem estilos de vida mais saudáveis, haveria bem menos casos de obesidade, diabetes, dislipidemia (distúrbios nos níveis de lipídios no sangue) e hipertensão, além das doenças cardiovasculares”, explica Duncan. Como consequência dos bons hábitos, haveria melhor uso dos recursos do Sistema Único de Saúde. Tais doenças, inclusive, podem afetar seriamente o PIB dos países em decorrência dos altos custos com internações e tratamentos de alta complexidade.

Como funciona o ELSA

A ideia do ELSA-Brasil surgiu a partir da escassez de estudos em populações adultas sobre as doenças crônicas não transmissíveis no Brasil, que, com a transição nutricional e epidemiológica em curso, se converteram nas principais causas da carga de doenças no país.

A coleta das informações tem início a partir de visitas clínicas realizadas a cada quatro anos, onde são feitos exames clínicos e laboratoriais e entrevistas com os participantes do projeto. O trabalho é realizado em seis centros de estudos, localizados em instituições públicas de ensino superior e pesquisa nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. A primeira série de consultas ocorreu em 2008 e o terceiro ciclo está em andamento, com término previsto para o início de 2019. As informações coletadas sobre os pacientes são transmitidas pela internet e armazenadas no Centro de Dados.

Definidas as bases de dados principais do projeto, com o uso das ferramentas do SAS, as informações são distribuídas às seis instituições, onde são analisadas, resultando em apresentações e artigos científicos. Até agora, já foram utilizadas 32 bases de dados, somando cerca de 41 mil variáveis de informações.

Após cada ciclo de visitas clínicas, os responsáveis pelo ELSA-Brasil continuam o monitoramento dos participantes por meio de ligações telefônicas para a obtenção de novas informações, inclusive relacionadas a casos de internação e suas causas.

Foco do projeto

De acordo com Bruce Duncan, o projeto tem como foco principal as doenças cardiovasculares e o diabetes devido a uma mudança significativa no perfil epidemiológico brasileiro nas últimas duas décadas.

Se em 1990 o que chamava a atenção eram as doenças responsáveis pelo alto índice de mortalidade infantil até então, as enfermidades crônicas tornaram-se predominantes. “Se hoje não temos tantas crianças morrendo em decorrência de problemas como a diarreia, por exemplo, as doenças crônicas ficam em evidência, como resultado também da maior expectativa de vida da população, o que a torna mais exposta a fatores de risco como excesso de álcool, fumo e sedentarismo”, explica o pesquisador.

No final deste ano, os pesquisadores pretendem continuar aprimorando os resultados obtidos com a extração e análise dos dados usando as ferramentas analíticas do SAS. Um novo ciclo de visitas clínicas já está sendo cogitado, por meio de conversas atualmente mantidas com o Ministério da Saúde, com previsão de início em 2022.

Nesse cenário, o ELSA-Brasil é a oportunidade que o país tem para obter um melhor entendimento dos fatores de risco e também para caracterizar em que nível se encontra hoje o desenvolvimento de tais doenças e suas principais complicações.

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