quarta-feira, janeiro 15, 2025
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FIDI investe em exame de Termografia para detectar o câncer de mama

por Redação
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Um projeto de pesquisa realizado pela startup Predikta, com o apoio da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), coletou amostras de duas mil mulheres em exames de termografia de mamas, no Estado de São Paulo. O objetivo da iniciativa é aperfeiçoar o desempenho do rastreamento tradicional de câncer de mama, agilizando a detectação de tumores, tornando-se um aliado de profissionais da saúde no acompanhamento do tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.

O exame de termografia é funcional e detecta alterações na atividade metabólica: o calor produzido no organismo é liberado pela pele. Ou seja, o procedimento capta a atividade microvascular da derme e, por meio de reflexos neurovegetativos, as disfunções e as patologias nela projetadas. O tempo de coleta da imagem térmica impacta no máximo 2 minutos no exame e não é invasivo. Este modelo de exame está em construção para a implantação, prioritariamente, na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

A termografia não substitui os exames anatômicos que detectam alterações na arquitetura tecidual da mama. Estudos anteriores foram realizados com a premissa incorreta que a termografia seria substituta da mamografia, o que o projeto atual descarta; ao contrário, o procedimento deverá ser um complemento à mamografia. “Sabemos por dados de outras pesquisas e por nossas análises preliminares que em torno de 80% das mamas “mais quentes” estão relacionadas ao lado de presença do tumor. Esses achados têm maior valor quando associados, em complemento à mamografia tradicional. Ao associar as modalidades (termografia + mamografia) a sensibilidade do teste aumenta, elevando o acerto diagnóstico”, reforça Alexandre Aldred.

“Os achados nesse momento se concentram em alterações térmicas superficiais associadas a alterações metabólicas, inflamatórias e circulatórias da mama. Os birads 4 são nódulos direcionados para as biópsias pois apresentam maior risco de ser câncer. Quando temos uma mama quente do ponto de vista térmico associado a um b4, a chance de ser maligno deve ser maior. Essa é a premissa fisiológica que estamos observando”, informa Alexandre Aldred, CEO da Predikta e médico pela USP com formação em Antroposofia, Acupuntura e Termografia.

Após a fase de coleta das amostras, foi iniciada a etapa de análise e de treinamento dos algoritmos, que são os modelos de inteligência artificial para melhorar o desempenho das mamografias e a identificação de anormalidade das mamas. O próximo passo, no período de seis meses a um ano, será o desenvolvimento do modelo para os testes.

Para Simone Vicente, CEO da FIDI, o futuro aponta para uma medicina de maior precisão, que pode ser sustentada pelas inovações de exames diagnósticos. “Desempenhamos um papel fundamental na promoção da pesquisa científica e tecnológica para impulsionar o progresso do conhecimento e contribuir para o desenvolvimento de soluções que beneficiem a sociedade. Com o compromisso de democratizar o acesso a tecnologias de ponta, estamos introduzindo no SUS as mesmas soluções de IA usadas no setor privado da saúde do Brasil e internacional. A partir de grandes volumes de dados, os nossos esforços em IA focam na validação de novas tecnologias que melhorem a prestação de serviços diagnósticos”, afirma.

Além da FIDI, o projeto conta com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapi), Sebrae e Agência de Inovação da Suíça, esta última está viabilizando o braço internacional da pesquisa. A expectativa é que, em três anos, aproximadamente, o exame de termografia seja disponibilizado na rede pública de saúde. Esse tempo é uma estimativa baseada no tempo de desenvolvimento e validação de tecnologias em saúde que giram em torno de 3 a 7 anos. No caso do projeto de Termografia, os trabalhos começaram há pelo menos 4 anos.

Outras iniciativas semelhantes à brasileira também são conduzidas na Índia e na China; este último é o país com mais casos de câncer de mama no mundo. Além do exame das mamas, o uso da termografia se amplia para investigações de nódulos na tireoide, de acidentes vasculares cerebrais (AVC), de doenças oftalmológicas, de causas de dores e localização de inflamações, e doenças como Síndrome gripal – COVID-19, enxaqueca, diabetes, entre outras.

Inteligência artificial: 

O planejamento de estratégias de controle do câncer de mama por meio da detecção precoce é fundamental, segundo os especialistas. De acordo com Alexandre Aldred, outra vantagem da termografia é não ser um exame radiológico, portanto não invasivo e sem contato. Além disso, ele afirma que é uma tecnologia portátil e de baixo custo, devido à possibilidade de fazer o rastreamento com uma imagem de celular e direcionar os exames com alterações para mamografia.

Mais uma contribuição do projeto é o aprofundamento da investigação em mamas densas, com aspectos que dificultam a visibilidade em mamografias. “Conseguimos repetir a termografia quantas vezes forem necessárias. E se a mulher estiver grávida, ela também pode fazer o exame, porque não tem radiação. Interessante ainda estudarmos mulheres que estão fora do período de rastreamento”, comenta Aldred. Ele ressalta que, no Brasil, em torno de 25% das biópsias realizadas são câncer de mama e há espaço para melhor seleção dos nódulos a ser puncionados.

“Se for possível reduzirmos em 10% biópsias desnecessárias, o projeto em desenvolvimento representará uma economia de milhões em custos financeiros e psicológicos. A ideia é obter ganhos incrementais em relação a sensibilidade, especificidade e precocidade através da complementariedade entre termografia, mamografia e inteligência artificial. Nesta fase experimental, estamos verificando todos os benefícios do nosso projeto ao aprimoramento diagnóstico, contribuindo para rapidez e eficiência da medicina diagnóstica”, completa Aldred.

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