É fato que, diante da necessidade de milhões de empregados trabalharem em casa durante a pandemia Covid-19, grande parte das empresas brasileiras se viram “obrigadas” a acelerarem sua adoção de tecnologias digitais no ambiente de trabalho, um fator que também impulsionou as operadoras do país a aumentarem rapidamente sua capacidade de rede, segundo aponta o novo relatório publicado pela Information Services Group (ISG), uma empresa global em pesquisa de tecnologia e consultoria, e promovido pela TGT Consult no Brasil.
O relatório ISG Provider Lens Digital Workplace of the Future – Services & Solutions para o Brasil destaca que o ano de 2020 será lembrado como o ano do “trabalho de casa” em razão da pandemia. Surpreendentemente, muitas dessas empresas que adoraram o trabalho remoto detectaram uma maior produtividade, pois grande parte de seus colaboradores conseguiram atuar com maior foco e trabalhar mais horas líquidas por dia. “No entanto, esse nível de produtividade pode não sobreviver uma vez que as pessoas possam sair de suas casas para se divertir e outras atividades sociais. Ainda assim, existe uma crença comum de que muitas pessoas continuarão a trabalhar em casa, mesmo depois que uma vacina estiver disponível para ajudar a controlar a ameaça da Covid-19”, diz o estudo.
Pedro L. Bicudo Maschio, autor da pesquisa ISG, explica que, como em outros países, a Covid-19 aumentou a importância das tecnologias digitais no local de trabalho, pois as empresas facilitaram as transições para o trabalho em casa e remoto. Isso aumentou imediatamente a demanda por serviços de local de trabalho gerenciado em grande escala para substituir o suporte técnico presencial. Os clientes brasileiros se beneficiaram de provedores de serviços globais que enfrentaram primeiro os desafios da pandemia na Ásia e na Europa. “Sem dúvida, este foi um ano em que o Brasil rompeu barreiras intelectuais para que o trabalho remoto funcionasse e abriu caminho para a desmitificação da transformação digital, quebrando preconceitos em relação à segurança e à funcionalidade”, ressalta o autor.
Além disso, um esforço conjunto das operadoras brasileiras evitou grandes interrupções nos serviços de Internet em 2020, apesar do tráfego significativamente maior nas redes fixas e móveis. As mudanças desencadeadas pela crise incluíram a migração do tráfego de celular para fixo e uma mudança de contas pré-pagas para pós-pagas para a maioria dos 225 milhões de dispositivos móveis do país.
“As pessoas no Brasil puderam trabalhar em casa de forma rápida e eficaz, graças às respostas rápidas das operadoras, consultores de ambiente de trabalho digital e outros fornecedores”, afirma Pedro Bicudo.
As soluções de colaboração corporativa e de equipe também assumiram uma importância maior com a mudança para o trabalho em casa. Novas soluções foram disponibilizadas no Brasil e preencheram lacunas nas plataformas Microsoft e Google que dominam o mercado, diz o relatório. Existem soluções disponíveis que se integram bem com os players dominantes e com código aberto, bem como opções para nichos da indústria que requerem medidas específicas de segurança e privacidade. “O Zoom é colocado obviamente nesse quadrante de softwares como líder, mas há outras empresas que seguem na disputa. A novidade em relação a esse segmento é o fato de que existem as soluções generalistas, como é o caso da Microsoft Teams e do Google Meet, mas surgem também as soluções mais dedicadas ao uso empresarial, como é o caso do Webex e Zoom. Além de outros softwares especializados em soluções para o setor da educação, medicina, treinamento e até para mega apresentações”, conta o autor.
“Este estudo do mercado de serviços de Digital Workplace é uma síntese do ano de 2020 e confirma o que já havíamos percebido em nossos clientes, a pandemia foi um grande agente da transformação digital, principalmente na dimensão da relação entre empresa e seus colaboradores”, afirma Omar Tabach, sócio diretor da TGT Consult. Os serviços de mobilidade gerenciada têm ajudado as empresas a garantir que os funcionários remotos tenham os dispositivos, aplicativos e dados de que precisam. No entanto, a segurança cibernética é uma preocupação crescente, à medida que os cibercriminosos exploram as vulnerabilidades de dispositivos móveis recém-conectados à empresa para obter acesso às redes corporativas. Os principais fornecedores de mobilidade e gerenciamento de endpoint estão melhorando suas plataformas e serviços para lidar com este problema, diz o levantamento ISG Provider Lens Digital Workplace of the Future – Services & Solutions 2020 para o Brasil.
A pandemia aumentou drasticamente o uso de conferências e eventos online e, embora as empresas percebessem o valor do streaming de vídeo como ferramenta de vendas e marketing, também descobriram a necessidade de plataformas robustas para atender às suas necessidades, afirma o relatório. Enquanto isso, a necessidade repentina de colaboração e comunicação virtual revelou que as plataformas genéricas não atendem a todos, intensificando o interesse em soluções específicas para aplicações verticais, como aulas, consultas médicas e apresentações financeiras.
Agora, a palavra que os executivos e fornecedores devem pensar para o amanhã é: eficiência. “É possível alavancar a eficiência que se ganha quando as pessoas trabalham remotamente. Remoto não quer dizer em casa, mas quer dizer que não é preciso concentrar todo mundo em um único escritório grande e caro. Fazer as pessoas irem até um escritório não é eficiente. Então, todos devem pensar em quais são as formas mais eficientes de se fazer um serviço. Tudo isso significa abrir a mente para a verdadeira transformação digital”, ressalta Bicudo.
Para concluir, o autor alerta sobre os erros mais comuns causados pela falta de conhecimento em tecnologia. Segundo o analista, o primeiro erro é pensar que “não vai funcionar”. Muitos executivos não acreditavam que os negócios poderiam funcionar em lockdown, porém agora descobriram que é possível e que a economia não parou totalmente. “A primeira questão é modernizar o pensamento, de poder se criar novas formas de fazer as coisas. Eu acho que esse foi o primeiro erro – o conservadorismo. O segundo é o medo. O risco, a vulnerabilidade e o roubo sempre existiram, eles só mudaram para um ambiente virtual. O terceiro está ligado aos outros dois que é o radicalismo, que é o oposto. Achar que vai ser possível fazer tudo remotamente. Que pode substituir as pessoas por tecnologia, isso também não é real”, conclui.
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