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Magnamed obtém aprovação da FDA para produzir ventiladores pulmonares

por Erivelto Tadeu
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A fabricante brasileira de ventiladores pulmonares Magnamed obteve na semana passada da Food and Drugs Administration (FDA) dos EUA, órgão similar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorização para iniciar sua produção na Flórida do OxyMag para atender ao mercado norte-americano. A companhia, fundada em 2005, em São Paulo, passou por rigoroso processo de certificação, iniciado em 2019, interrompido em 2020 devido à pandemia e retomado em 2021, e chegou ao fim com uma aprovação, o que a transforma na primeira fabricante brasileira de ventiladores pulmonares no mercado americano.

Para alcançar a certificação, a empresa investiu mais de US$ 1 milhão em laboratórios, consultores, protótipos, linha piloto, viagens. Além disso, está montando um time de atendimento e vendas muito bem qualificado. Com a aprovação, a Magnamed deve iniciar a produção local a partir de 2024. A nova planta industrial, alugada em 2023, na Flórida, está pronta para operar e a previsão é que sejam produzidas até 100 unidades do ventilador OxyMag por mês, com foco total no mercado local. Estima-se que em todo o mundo o setor movimente US$ 5,7 bilhões anualmente e aproximadamente 20% só nos EUA.

“Estamos muito felizes com a notícia da aprovação da FDA. Foi um objetivo pelo qual lutamos por muito tempo e que nos faz ter muito orgulho de sermos uma empresa brasileira conseguindo um feito inédito nos EUA. Esperamos que esta seja a primeira de muitas conquistas deste tipo e que a nova fábrica possa ajudar a mostrar ao mundo que produzimos inovação real no setor médico-hospitalar”, afirma Wataru Ueda (no centro na foto), sócio fundador e CEO da Magnamed.

Desde 2010, a companhia já obteve a chancela do órgão regulador da Comunidade Europeia, e as exportações já representam uma parcela significativa das vendas. Cerca de 40% dos ventiladores se destinam ao mercado privado, 30% da produção ao setor público nacional e 30% da produção é exportada. Somando-se a aprovação da FDA, a Magnamed passa a ser aceita em praticamente todos os mercados.

A meta é que as exportações representem 80% do faturamento até 2026 — alcançando R$ 180 milhões. Contudo, para isso acontecer é importante reforçar o time e ter produtos certificados internacionalmente. Em seu histórico, a Magnamed já registra exportações para 81 países de todo planeta.

Ueda ressalta que além de trazerem mais receitas para a Magnamed, as exportações têm uma contribuição muito importante na qualidade dos produtos. “É necessário obter diversas certificações internacionais, tanto para o produto como para os processos de fabricação e gestão da qualidade. O mercado brasileiro, por ser totalmente aberto exige da empresa atualização tecnológica constante para se manter competitivo e para isso, nada melhor do que competir no cenário mundial”, reforça.

A vida útil de um ventilador é de sete anos nos EUA, contra dez anos no restante do mundo. Com a fábrica, a Magnamed aumenta a demanda por reposição. Existe também uma preocupação dos países em estar abastecidos com este tipo de produto o que provoca um movimento no exterior pedindo fabricação local. “Estamos fazendo parcerias para fabricar na Índia e no México, entre outros países, para que possamos fornecer tecnologia e conhecimento para eles não dependerem tanto das importações”, acrescenta Ueda.

Inovação o tempo todo

Em novembro do ano passado, a Magnamed anunciou o desenvolvimento de um sistema de monitorização de ventilação mecânica inédito no mundo, a PMUS. Em estudo desde 2017, nova solução usa machine learning e inteligência artificial para resolver problemas de assincronia entre máquina e paciente. A empresa investiu R$ 4 milhões na pesquisa, com recursos da Lei de Informática.

O novo sistema em breve pode revolucionar a produção deste tipo de equipamento globalmente. Um pequeno hardware e um novo software baseado em algoritmos de machine learning e inteligência artificial resolvem um problema que atualmente só é solucionado por outros produtores de forma invasiva, com a introdução de um balão ou eletrodos no esôfago.

Em parceria com médicos renomados, a Magnamed encontrou uma solução por meio da análise de dados para entender e estimar o esforço exercido pelos músculos respiratórios. Trata-se de uma máquina que “aprendeu” como se calcula essa pressão muscular, que permite analisar se o ventilador está em sincronia ou não. Assim foi possível reconstruir a pressão negativa que o diafragma gera para colocar o ar dentro do pulmão, a chamada PMUS, que até hoje só podia ser medida de forma invasiva.

Expansão dos negócios

Fundada em 2005 pelos engenheiros Wataru Ueda, Tatsuo Suzuki (à esq. na foto) e Toru Miyagi (à dir. na foto), em 2008 a empresa recebeu um primeiro aporte do fundo Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da gestora KPTL. Naquele período, ainda estava incubada no polo de startups da Escola Politécnica da USP, o Cietec. Em 2015, recebeu uma segunda injeção de capital, do fundo de impacto social Vox Capital. Os fundos Criatec e Vox somados detêm 54% da companhia. Além do aporte necessário, colaboram na governança da empresa, de acordo com os executivos da Magnamed.

A expansão de 2020 ocorreu quando a demanda por seus respiradores disparou em razão dos efeitos da pandemia sobre o sistema de saúde. Para dar conta do aumento de produção, Wataru Ueda acionou sua rede de contatos de antigos colegas de turma do ITA, a exemplo de Walter Schalka, que comanda a Suzano, pedindo auxílio nessa fabricação. Outros pesos pesados da indústria nacional, como a Embraer, se juntaram nesse esforço e possibilitaram a ampliação da produção. O resultado foi o crescimento vertiginoso da empresa e o desdobramento em planos de internacionalização.

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