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Relatório global propõe soluções para ampliar acesso à cirurgia oncológica

por Redação
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Estudo publicado na edição de dezembro da The Lancet Oncology pela Comissão Global de Cirurgia Oncológica, formada por especialistas de diferentes países, incluindo o Brasil, apresenta a análise e soluções para a ampliação do acesso à cirurgia oncológica nas diferentes regiões do mundo, de acordo com o mapa da Organização Mundial da Saúde (OMS)

O estudo Global Cancer Surgery: pragmatic solutions to improve cancer surgery outcomes worldwide é um levantamento multicêntrico, realizado pelo programa de Comissões da Lancet Oncology, resultante do trabalho conjunto por três anos de mais de 50 líderes globais em cirurgia oncológica – entre eles os cirurgiões oncológicos Alexandre Ferreira Oliveira e Héber Salvador. Ambos presidiram a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), respectivamente, nas duas últimas gestões.

Com sua primeira versão em 2015, o relatório foi atualizado e publicado na edição de dezembro de 2023. “Esse estudo é muito importante, porque traz os principais formadores de opinião em cirurgia oncológica do mundo e ter a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica incluída nesse estudo é uma grande honra para o país”, comemora o cirurgião oncológico Alexandre Ferreira Oliveira, atual diretor científico da SBCO, diretor do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e um dos autores do estudo. O especialista complementa lembrando que o câncer é a segunda causa de mortalidade no mundo. No entanto, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a partir de 2029, a doença pode se tornar a primeira causa de morte.

De acordo com o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO e titular do Hospital de Base, de Brasília, estudos como esse apresentam soluções para problemas críticos como iniquidades e desigualdades na assistência oncológica e reafirmam o indiscutível protagonismo da cirurgia oncológica no tratamento do câncer. “A cirurgia oncológica adequada e em tempo é a grande ferramenta de cura na imensa maioria dos casos, devendo ser entendida como um direito fundamental da pessoa com câncer”,  afirma Pinheiro.

Ampliação do acesso à cirurgia na América do Sul

No relatório, os líderes mundiais analisaram o impacto do câncer e da cirurgia oncológica nas seis regiões cobertas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e elencaram as mais efetivas e viáveis sugestões para reduzir as desigualdades de acesso ao diagnóstico precoce e tratamento oncológico, além de promover a cirurgia oncológica como uma maneira acessível para tratar todos os pacientes.

“Daqui a cinco, seis anos, por conta do envelhecimento da população, o câncer pode ser a primeira causa de morte no mundo. Cerca de 80% dos pacientes com tumores sólidos, em algum momento do seu tratamento, irão receber a indicação de cirurgia oncológica, porém, menos de 25% desses pacientes têm acesso a uma cirurgia oncológica de qualidade no planeta. Sendo assim, temos uma enfermidade com alta letalidade, que vem aumentando globalmente, cuja maioria dos pacientes não possui acesso à principal forma de tratamento ou simplesmente não possui acesso de forma adequada”, alerta o cirurgião oncológico Alexandre Ferreira Oliveira.

Os autores definiram nove domínios e oito ações de melhorias essenciais na capacidade global para cirurgia de câncer. São medidas voltadas para cirurgiões oncológicos, líderes, administradores, gestores de saúde pública e particulares. Foram analisadas as necessidades de ampliação do acesso à cirurgia oncológica por regiões para a América Central e do Sul, apontando, por exemplo, que os registros oncológicos poderiam ser utilizados como oportunidades para pesquisas melhorando, assim, os resultados oncológicos.

Essa criação permitiria a comparação da epidemiologia do câncer, a padronização de protocolos de tratamento e ainda facilitaria colaborações de países com rendas maiores para reduzir as taxas de mortalidade. “Em um dos principais pontos, os autores sinalizam que mesmo em áreas remotas, até mesmo durante epidemias, as cirurgias oncológicas devem ser mantidas, assim como não devem ocorrer paralisações nos atendimentos oncológicos. Aliás, eles devem ser padronizados e estabelecidos com fluxogramas, que permitam o atendimento adequado do paciente. “E todo esse protocolo já foi introduzido e realizado pela SBCO no Brasil durante os dois anos de pandemia de Covid-19. Ou seja, a todo momento, falamos que não deveríamos parar de operar e que o paciente deve ser operado de forma segura, com os mesmos princípios oncológicos. Para isso, criamos fluxogramas e protocolos para nos proteger da Covid-19. E agora esse protocolo está sendo indicado pelos autores deste relatório global”, destaca Oliveira.

Falta de financiamento é um dos grandes desafios

Atualmente, apenas 25% dos pacientes conseguem receber um tratamento cirúrgico adequado e antes de suas doenças neoplásicas evoluírem. Além disso, cerca de 25% das mortes nos últimos anos poderiam ter sido evitadas pela melhoria do acesso à cirurgia. Em 2015, a Comissão sobre Cirurgia Global recomendou para o ano de 2030 uma taxa-alvo de 5 mil procedimentos por 100 mil habitantes para alcançar os resultados desejados na saúde da população. No entanto, conforme o novo relatório publicado, a expectativa é que mais de 70% das pessoas ainda viverão em áreas com capacidade cirúrgica insuficiente em 2035.

Os custos estimados para a expansão da infraestrutura em países de baixa renda chegam a US$ 6 bilhões até 2030. Para cumprir as metas desejadas de infraestrutura até 2030, a expansão exigiria US$ 17 bilhões em todo o planeta. Embora os custos de infraestrutura sejam um investimento inicial substancial, investimentos em infraestrutura durável são relativamente modestos quando esses custos são amortizados ao longo do uso em vida útil.

“O principal desafio é que tudo isso passa por um financiamento, por um custo e sabemos que temos países com realidades diferentes, até mesmo dentro do mesmo continente. Ao implementar uma meta global, temos que adequar o planejamento estratégico de combate à doença com realidades econômicas sociais culturais para cada região”, aponta o diretor científico da SBCO.

Para conseguir tal objetivo, os autores afirmam que é essencial promover a equidade na saúde. Em meio aos avanços tecnológicos, a maioria dos pacientes não deveria ter que lutar para ter acesso aos cuidados cirúrgicos, enquanto um grupo seleto possui acesso às cirurgias sofisticadas contra o câncer. A expectativa é que esta Comissão ofereça a orientação prática necessária para superar esses desafios e garantir que cada paciente possa receber cuidados cirúrgicos oncológicos adequados, independentemente de seu status socioeconômico ou localização geográfica.

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