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Relatório mostra impacto da Covid-19 no tratamento do câncer na América Latina

por Redação
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Um estudo realizado pela Americas Health Foundation, com apoio da Roche, avaliou o impacto da pandemia em 18 variáveis-chave do atendimento do câncer em 11 países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai.

O relatório projeta que, em todos os países pesquisados, cerca de 473 mil pessoas serão diretamente afetadas por uma mudança no estágio clínico do câncer, morrerão devido ao atraso no tratamento ou cairão em catástrofe financeira e empobrecimento. Entre representantes de pacientes e profissionais de saúde consultados, 80% relataram interrupção de serviços no atendimento do câncer no período.

O trabalho revela também que a pandemia de Covid-19 teve um impacto desproporcional sobre as mulheres na América Latina e no Caribe, acentuando a desigualdade de gênero na saúde. Entre os dados levantados, 96% dos médicos pesquisados relataram uma redução específica no número de mamografias de triagem.

O relatório da Americas Health Foundation foi desenvolvido a partir de uma pesquisa com organizações de pacientes oncológicos e outra com médicos, além de uma análise econômica. Um painel de especialistas elaborou os questionários e revisou e validou os resultados agregados do estudo. A inteligência gerada poderá apoiar diferentes nações a melhor gerenciarem emergências sanitárias no futuro, incluindo novas variantes do vírus Sars-Cov-2.

Impacto econômico

O relatório estima que o impacto econômico nos próximos 10 anos poderá chegar a US$ 10,7 bilhões, número estimado a partir dos atrasos no diagnóstico do câncer e no início do tratamento, bem como das interrupções do tratamento causadas pela pandemia. A análise concentra-se nos cinco tipos de câncer mais frequentes na região: próstata, mama, colorretal, pulmão e cervical.

Nesse cenário, o câncer de mama representa um custo de US$ 3,9 bilhões — ou 50% do impacto econômico total estimado, já que representa mais da metade de todos os casos de câncer na região, tem uma alta taxa de sobrevida e, assim, gera necessidade de acompanhamento e novos tratamentos, o que exige mais recursos dos sistemas de saúde.

O relatório aponta que o câncer de mama e o de colo de útero são responsáveis por 30% do aumento no custo do tratamento em cinco anos. Estes dois tipos de câncer também são responsáveis pela metade da perda de capacidade econômica durante um período de 10 anos, estimada em US$ 4 bilhões.

Impacto nos pacientes e cuidadores

O estudo concluiu que aproximadamente 473 mil pacientes serão diretamente afetados pelo cenário de pandemia: mudança no estágio clínico da doença, óbito ou cairão em catástrofe financeira e empobrecimento. Porém os dados revelam que houve implicações desproporcionais para as mulheres da América Latina e Caribe, aumentando a desigualdade de gênero na saúde. Cerca de 80% dos médicos pesquisados relataram que os programas de prevenção do câncer foram bastante afetados e 96% deles citaram diminuição de mamografias de triagem de rotina.

Outro dado relevante sobre o impacto nas mulheres da região é a atividade de cuidador, exercida por elas, inclusive por meninas, o que as expõe ao maior risco de contaminação por Covid-19 e ao estresse mental, físico e financeiro.

Para Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, tanto o impacto social quanto o de gênero precisam ser observados com mais atenção para que as consequências não sejam maiores. “Se essas questões não forem abordadas especificamente, os impactos da pandemia vão ameaçar o desenvolvimento e o bem-estar em termos de saúde, emprego e bem-estar social dos brasileiros, principalmente os das mulheres”.

Impacto no Brasil

Ao lado do México, o Brasil está entre os países que concentram quase 50% do impacto econômico projetado para a região. As áreas de atendimento do câncer que sofreram as maiores interrupções durante a pandemia no Brasil foram os serviços de cirurgia e diagnóstico, acompanhados por uma diminuição de 60% nas cirurgias oncológicas.

Os programas de prevenção do câncer foram afetados significativamente pela Covid-19: 68% dos médicos pesquisados no Brasil relataram uma diminuição nos programas e atividades gerais de prevenção.

De acordo com os pesquisadores, o atraso em exames decisivos é alarmante e tem ramificações econômicas, pois no Brasil o câncer de mama é responsável por cerca de 70% do aumento no custo de tratamento em cinco anos e aproximadamente 40% da perda de capacidade econômica.

Outra descoberta preocupante refere-se a interrupções na quimioterapia. A maioria dos médicos disse que mais de 10% de seus pacientes perderam pelo menos um ciclo de terapia. Além disso, 90% dos médicos precisaram fazer mudanças em diferentes partes dos planos de tratamento de pacientes com câncer.

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